Certificados de Aforro vão render menos em Dezembro
Quem subscrever Certificados de Aforro no próximo mês terá direito a uma taxa bruta de 1,504%.
A remuneração dos Certificados de Aforro vai cair no próximo mês. Quem pretender investir neste produto de poupança do Estado em Dezembro terá direito a uma remuneração bruta de 1,504%. Este valor fica aquém da taxa que se aplicava nas subscrições realizadas em Novembro - de 1,595% - mas é simultaneamente também a remuneração mais baixa desde Junho deste ano. Esta quebra do retorno dos Certificados de Aforro é o reflexo da descida da Euribor a três meses, a taxa que é utilizada para o cálculo dos juros deste produto de poupança do Estado.
A descida das taxas Euribor tem sido, aliás, uma tendência que se tem observado ao longo das últimas semanas no seguimento da descida da taxa de juro de referência da zona euro pelo Banco Central Europeu, para os 1,25%, no início do mês de Novembro. E as perspectivas apontam para que o indexante possa baixar ainda mais. Os futuros sobre a Euribor a três meses para Junho de 2012 estão a transaccionar nos 1,175%, abaixo dos 1,475% a que a Euribor a três meses cotava na última sessão. A comprovar-se este cenário, é praticamente inevitável que a taxa de juro dos Certificados de Aforro venha a ser afectada.
Contudo, mesmo que os sinais não apontassem para a descida da taxa de referência utilizada no cálculo dos juros dos Certificados de Aforro, o nível actual da remuneração é muito reduzido e não compensam face a outros produtos de poupança. Em termos líquidos, a taxa de juro que será oferecida nas subscrições de Certificados de Aforro em Dezembro é de 1,18%. Este valor é bastante inferior à rentabilidade líquida oferecida por um grande número de depósitos a prazo. Aliás, segundo os dados do Banco de Portugal, a remuneração média dos novos depósitos era de 4,03%, em Setembro. Ou seja, mais do dobro dos 1,504% que estão a ser oferecidos no produto de poupança do Estado.
Por essa razão não é de estranhar a acentuada fuga de dinheiro que atinge os Certificados de Aforro. Desde o início do ano os portugueses já resgataram, em termos líquidos, mais de 3,5 mil milhões de euros desta aplicação financeira. Trata-se do valor mais elevado de sempre a ser retirado dos Certificados de Aforro e que vai bastante além das metas previstas pelo Orçamento do Estado para 2011. Ou seja, é quase sete vezes a saída líquida de 500 milhões de euros inicialmente antecipada. Aliás, desde que o Governo alterou as regras da nova série C, em Março de 2009, que o saldo mensal de subscrições de Certificados de Aforro é negativo.
Para 2012, o Orçamento do Estado prevê que os Certificados de aforro continuem a perder dinheiro. A expectativa é de que durante o próximo ano os resgates líquidos atinjam 1,5 mil milhões de euros, mitigando ainda mais uma importante fonte de financiamento do Estado. Quando a série C foi lançada no início de 2008, os Certificados de Aforro representavam 16% do financiamento estatal. Actualmente, representam menos de metade desse valor: 6,7%.
Vários especialistas já alertaram para as vantagens que, em termos de captação de financiamento, o Estado teria em melhorar a política de remuneração dos Certificados de Aforro. No entanto, nada foi feito até agora nesse sentido.
fonte:http://economico.sapo.pt/n