Entre Janeiro e Outubro deste ano, as famílias portuguesas retiraram dos certificados de aforro 3864 milhões de euros, o equivalente a uma média de 12,7 milhões de euros resgatados por dia. Pelo contrário, os depósitos continuam a aumentar, apesar do menor rendimento disponível.
Segundo o boletim do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), o ritmo de saída de dinheiro dos certificados de aforro é 12 vezes superior à entrada de novas aplicações. Nos primeiros dez meses, foram investidos 316 milhões de euros neste produto de poupança. Aliás, em Outubro, a emissão de novos títulos totalizou apenas 30 milhões de euros, ao passo que as amortizações atingiram os 322 milhões.
Os baixos juros pagos pelos certificados de aforro têm levado muitos investidores a resgatar as verbas aplicadas. Em Dezembro, a remuneração bruta da aplicação correspondia a 1,46%, segundo o IGCP.
Com a crescente escassez de liquidez no sistema financeiro, os bancos voltaram às origens, com os juros dos depósitos a prazo a aumentarem mês após mês. Os números do Banco de Portugal mostram que, em Outubro, os juros oferecidos nos novos depósitos atingia os 4,5%.
A atractividade desta poupança tem levado muitas famílias a aplicarem mais verbas nos bancos. Num único mês, Outubro, a subscrição de novos depósitos totalizou os 11,7 mil milhões de euros. É preciso recuar a Julho de 2008 para encontrar um montante tão alto. No total, os bancos têm 128,3 mil milhões de euros de clientes particulares. Também os certificados do tesouro estão a absorver as verbas retiradas dos certificados de aforro. Até Outubro, as subscrições atingiram os 910 milhões de euros.
RESGATES DE DÍVIDA IGUALAM AS SUBSCRIÇÕES
As dificuldades das famílias em poupar começam a transparecer nos números. Depois de em Setembro os depósitos terem registado a primeira quebra em três meses, os certificados do tesouro – afectos à dívida pública portuguesa – também se ressentem. Em Outubro, os resgates – 31 milhões – anularam por completo as novas subscrições, no mesmo valor.
Apesar disso, de Janeiro até agora, o saldo é positivo já que a emissão de novos títulos totalizou os 910 milhões de euros e os reembolsos ascenderam a 318 milhões. Os receios em relação ao pagamento da dívida soberana que surgem no seio europeu podem estar a penalizar este instrumento de poupança.
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