Juros dos certificados de aforro em mínimos de um ano
Quem subscrever certificados de aforro em Março terá direito a uma taxa de juro bruta de 1,128%.
A remuneração dos certificados de aforro vai voltar a cair no próximo mês. Quem subscrever unidades deste produto de poupança do Estado, em Março, verá as suas aplicações remuneradas com uma taxa de juro bruta de 1,128%. Este valor é inferior aos 1,258% oferecidos nas subscrições realizadas em Fevereiro, mas é simultaneamente também a remuneração mais baixa desde Fevereiro do ano passado. Há quatro meses consecutivos que a remuneração dos certificados de aforro recua, acompanhando a tendência de descida da Euribor a três meses- a taxa que é utilizada para o cálculo dos juros deste produto de poupança do Estado.
Recorde-se que a Euribor a três meses tem vindo a baixar desde Novembro do ano passado, altura em que o Banco Central Europeu decidiu aliviar a taxa de juro de referência que se fixou no mínimo histórico de 1% já em Dezembro. E as perspectivas apontam para que este indexante possa baixar ainda mais, a avaliar pela cotação dos futuros sobre a Euribor. Segundo a Bloomberg, os futuros sobre a Euribor a três meses para Junho de 2012 estão a transaccionar nos 0,765%, abaixo dos 1,006% a que o indexante cotava na última sessão. A comprovar-se este cenário, é praticamente inevitável que a taxa de juro dos certificados de aforro venha a ser afectada ao longo dos próximos meses.
Comparativamente a outros produtos de poupança conservadores, a remuneração oferecida pelos certificados de aforro não compensa. Em termos líquidos, a taxa de juro que será oferecida nas subscrições de certificados de aforro em Março é de 0,846%. Este valor é bastante inferior à rentabilidade líquida oferecida por um grande número de depósitos a prazo. Desta forma, não é de estranhar a acentuada fuga de dinheiro que atinge os certificados de aforro. Depois de um saldo negativo de mais de 4 mil milhões de euros em 2011, no primeiro mês de 2012 os resgates líquidos ascenderam a 246 milhões. Aliás, para 2012, o Orçamento do Estado prevê que a fuga de investidores deste produto de poupança continue. A expectativa é de que em 2012 os resgates líquidos atinjam 1,5 mil milhões de euros, minando ainda mais uma importante fonte de financiamento do Estado. Quando a série C foi lançada no início de 2008, os certificados de aforro representavam 16% do financiamento do Estado. Hoje, representam apenas 6,2%.
Deco pede FIN para produtos de poupança do Estado
A Proteste Investe, da Deco, fez um "cliente mistério" junto de balcões dos CTT, onde são vendidos produtos de poupança do Estado como os certificados de aforro e do Tesouro, e chegou à conclusão de que havia falta de qualidade na informação prestada aos consumidores. Segundo a Deco, o cliente deveria "receber uma ficha de informação normalizada, como já é prática no caso dos depósitos bancários". A associação de consumidores defende ainda que os certificados de aforro e do Tesouro deviam ser regulados por uma entidade autónoma, "que acompanhasse os mercados, controlasse a informação prestada e vigiasse o comportamento" das entidades que os comercializam.
fonte:http://economico.sapo.pt/n