Os cofres do Estado ficaram 6,7 mil milhões de euros mais magros com os resgates dos Certificados de Aforro desde 2008.
Em 2008 foram alteradas as condições dos Certificados de Aforro, com o fim das subscrições da série B, a alteração do rendimento desta série e a criação da série C. Se até 2007 as subscrições eram superiores aos resgates, em 2008 a tendência inverteu-se e os resgates passaram a ser sempre superiores às novas subscrições. Desde esse ano, já saíram dos cofres do Estado 6,7 mil milhões de euros que estavam aplicados em Certificados de Aforro. Só em 2011 os regastes atingiram os 4,5 mil milhões de euros, o valor mais elevado de sempre. Ainda assim, houve aforradores que insistiram em colocar as suas poupanças nesta aplicação (371 milhões de euros).
Conselho da Proteste Investe: resgate
Na série que está em subscrição (C) a taxa base é de 0,9%, muito pouco interessante. Por isso, os especialistas da Proteste Investe não recomendam a subscrição deste produto. Quem ainda tem as séries A ou B está, no máximo, a usufruir de uma taxa de 2,1% (0,6% é a taxa base em fevereiro acrescida de 1,5%, que é o prémio de permanência máximo). O conselho da Deco é resgatar. Há mais de três anos que a Deco deixou de recomendar a subscrição de Certificados de Aforro. No entanto, também é sabido que muitos aforradores mantêm uma forte relação afectiva com esta aplicação, provavelmente pela ideia de segurança por se tratar de uma aplicação garantida pelo Estado. No entanto, não pense que a dívida pública está completamente isenta de risco. Nenhuma aplicação é totalmente segura. Mas o risco do Estado falir é, em média, bastante inferior ao de um banco ou seguradora. Por isso, as aplicações de poupança de dívida pública são, por norma, consideradas de baixo risco.
Os outros Certificados
Os Certificados do Tesouro são a alternativa mais recente de dívida pública para quem pretenda usufruir de elevada liquidez e o rendimento dos títulos de longo prazo. Os especialistas da Proteste Investe recomendam apenas para quem tenha a certeza de não necessitar do capital nos próximos cinco anos, pois só assim poderá usufruir das taxas mais elevadas (5,1 e 5,3% para aplicações entre cinco e 10 anos).
As mesmas regras para os produtos do Estado
A comercialização de produtos financeiros está sujeita a legislação nacional e comunitária que promove a transparência e clareza da informação prestada pelas instituições financeiras. Os bancos são obrigados a classificar os clientes de acordo com os seus conhecimentos financeiros e tipo de risco que estão dispostos a correr de forma a evitar que produtos desadequados sejam impingidos a alguns clientes mais incautos. Mas, nem todos os intermediários que comercializam produtos financeiros estão sujeitos a essas regras. O caso mais flagrante é o dos Correios, o intermediário dos produtos de aforro do Estado e não só. Nos balcões dos CTT, além do envio de correspondência, é possível adquirir as coisas mais diversas (livros, pacotes de viagens e produtos financeiros), nem sempre nas condições mais adequadas. Falta de informação, local inapropriado e pouca disponibilidade para prestar informações foram algumas das deficiências identificadas com um simples teste prático a sete balcões, que poderá ver na edição mensal da Proteste Investe. A Deco faz três exigências em nome da transparência e isenção, que devem partir do Estado: uma entidade reguladora independente, os mesmos deveres informativos dos restantes produtos financeiros e a ficha de informação normalizada.
Quanto custa uma má decisão?
Quando falamos de milhões, por vezes perdemos a noção de grandeza. Por isso, a Proteste Investe fez a contas: os 6,7 mil milhões de euros que saíram do cofre do Estado com o resgate dos Certificados de Aforro desde 2008 davam para pagar a dívida da Madeira (cerca de 6,3 mil milhões), são quase sete vezes mais do que o Estado ganhou com o corte do subsídio de Natal (1000 milhões) e representam cerca de 3,5% da dívida pública nacional (190 mil milhões, segundo dados recentes da Eurostat). Com a mudança das regras, no início de 2008, o aforrador perdeu um instrumento de poupança interessante e o Estado viu sair as poupanças dos particulares para a banca; além disso, teve que se financiar a um custo superior (taxas mais elevadas) através das Obrigações do Tesouro junto de entidades estrangeiras que nem sequer pagam imposto sobre o rendimento destes títulos.
fonte:http://economico.sapo.pt/